Além das realidades locais, a Oficina do SindicAndo em Curitiba, realizada nos dias 25 e 26 de agosto de 2022, possibilitou a troca de experiências internacionais. A participação de Kendy Rivera, Coordenadora do Solidarity Center para Assuntos de Migração nas Américas, e Amalia Pereira, que é responsável pela temática migratória na CUT/Chile e Representante da Comissão de Migração e Trabalho da Confederação Sindical Internacional (CSI), possibilitaram um olhar mais amplo sobre o tema.
“Trabalho diretamente com o contexto México/Estados Unidos. Embora as situações de ingresso tenham complexidades distintas em cada país, a inclusão de migrantes no mercado de trabalho e as garantias de direitos são necessidades em comum”, relatou Kendy.
Para a sindicalista chilena Amalia Pereira, os desafios enfrentados pelos migrantes em seu país não são diferentes do Brasil. Ela apontou questões como pobreza, barreiras culturais, desconhecimento dos direitos trabalhistas, informalidade, discriminação em esferas públicas e privadas, não reconhecimento da qualificação profissional adquirida no país de origem, além da própria condição de migrante, como as principais dificuldades dos trabalhadores que migram para o Chile.
Desigualdade e condições precárias de trabalho
Informações publicadas no relatório do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra 2020) revelam um aprofundamento da desigualdade salarial entre trabalhadores migrantes de acordo com a região de origem. Neste sentido, prevalecem aos da região norte do globo os maiores rendimentos e melhores postos de trabalho, enquanto migrantes de países do sul global enfrentam, além de problemas relacionados à renda, condições precárias de trabalho e o machismo estrutural que coloca as mulheres em condições ainda mais vulneráveis: elas recebem cerca de 70% do valor pago aos homens.
A cor da pele também é um fator determinante. Brancos, principalmente europeus, têm rendimentos substancialmente superiores se comparados aos negros.
Gustavo Garcia, Coordenador do Programa de Migração do Solidarity Center, destaca que o diálogo, a mobilização e a participação são elementos chaves ao enfrentamento das desigualdades envolvendo migrantes.
“O projeto estabelece o enfrentamento dos problemas de forma conjunta com os próprios migrantes. Entendemos que o Sindicato é um instrumento fundamental para a garantia de direitos e promoção da equidade, mas a participação dos trabalhadores e trabalhadoras nas ações e nos espaços decisivos das entidades é o que dará a tônica nesta luta. Até aqui, o projeto dialogou com muitas organizações sindicais e sociais e em todas elas há o mesmo sentimento: falta de diálogo, distanciamento e falta de conhecimento sobre os direitos. São questões a serem enfrentadas a partir da ação sindical de base e da negociação coletiva, o que os sindicatos brasileiros sabem fazer muito bem”, avaliou Gustavo.
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